Cavidade Orbitária

A Cavidade Orbitária, também conhecida como órbita, é uma estrutura óssea localizada na junção do esqueleto crânio-facial (junção do esqueleto facial com o esqueleto craniano).

A órbita é composta por 7 ossos, que, juntos, abrigam e protegem as estruturas do olho e seus anexos, como a gordura orbitária, o nervo óptico (que transmite as imagens recebidas no processo de visão até o cérebro), os músculos extra oculares (responsáveis pela movimentação do globo ocular), a glândula lacrimal (responsável por manter o globo ocular sempre umidificado, garantindo o funcionamento das estruturas oculares), os nervos e os vasos sanguíneos.

Assim como outras partes do corpo humano, a Cavidade Orbitária está sujeita a ser acometida por diversas enfermidades, onde podemos citar algumas bem comuns na clínica diária de um oftalmologista com experiência em cirurgia de órbita:

Orbitopatia de Graves(Doença de Graves) –  doença imunológica que afeta a glândula tireoide e os anexos dos olhos causando inflamação e edema dos tecidos peri-oculares. Este processo inflamatório no âmbito oftalmológico, tem como consequência o Aumento dos Músculo Extra Oculares, Aumento do volume da Gordura orbitária, Proptose, retração das pálpebras, podendo culminar com perda visual por compressão neural ou perfuração do globo ocular. Além disso o efeito estético pode ser catastrófico em casos mal conduzidos ou não tratados.[1-3]

Celulite Orbitária – quadro de infecção, geralmente causado por bactérias ou fungos. Comumente o foco primário de onde se inicia a infecção são os seios paranasais, que quando estão infectados é conhecido como sinusite.  Quando o processo infeccioso migra dos seios paranasais para a órbita forma o que chamamos de celulite orbitária. Ao migrar para a órbita a infecção é considerada grave podendo causar dano visual significativo e ainda migrar para o sistema nervoso central (cérebro), casos tais que se não tratado tem risco de óbito.

Os casos típicos é uma pessoa (adulto ou criança), tratando um quadro gripal que inicia subitamente com Edema e inchaço súbito periocular , dor nos olhos, proptose, vermelhidão, edema palpebral, redução nos movimentos dos olhos. É muito comum em crianças no período de inverno. A celulite orbitária também pode ser proveniente de fatores oncológicos em idosos ou de espremer acne em adolescentes. Nos casos de celulite orbitária o paciente deve receber tratamento o mais rápido possível com internação hospitalar e medicação venosa. É considerado uma URGÊNCIA oftalmológica.[4]

Pseudo tumor Orbitário –  Modernamente é denominado de Inflamação Orbitária Idiopática. São processos inflamatórios auto imune que acometem a órbita que mesmo após a biópsias e análise do material não é possível identificar a causa.  Na maioria das vezes responde bem a medicamentos anti-inflamatórios mas em alguns casos mais resistentes é lançado de mão de drogas imunomoduladoras ou mesmo associação de radioterapia. O diagnóstico diferencial com uma série de doenças deve ser feito e descartado as mesmas antes de iniciar o tratamento.[5, 6]

Tumores de Órbita – a órbita é sítio de todos os tipo de tumores primários e metastáticos, tumores benignos e malignos. Outras doenças inflamatórias e parasitárias também podem aparecer com sintomatologia apresentando uma massa na órbita a esclarecer. Exames de imagem como tomografia computadorizada e ressonância magnética das órbitas são realizadas antes de se indicar uma abordagem cirúrgica.

A cirurgia com micro incisões(evitando sequelas) é imprescindível para remover o tumor, realizar uma biópsia e fechar um diagnóstico para se indicar o tratamento adequado. Nos casos mais avançados, a sintomatologia pode ser florida apresentando proptose avantajada (globo ocular projetado para fora) e compressão do nervo óptico (baixa de visão). A intervenção cirúrgica é imprescindível para o tratamento. Leia mais sobre o Câncer de Órbita;

Fraturas de Órbita –  as fraturas crânio faciais acontecem após um traumatismo facial causado muitas vezes por queda, agressões físicas, acidentes em práticas esportivas ou acidentes automobilísticos. Podem ser fraturas pequenas onde apenas um dos ossos da órbita é acometido ou fraturas complexas onde envolvem vários ossos da órbita.

A consequência de uma fratura orbitária nem sempre aparece nas primeiras semanas necessitando experiência do profissional para tomar a melhor conduta. As sequelas como o enoftalmo (olho fundo), a restrição de movimento ocular, a visão dupla, etc… nem sempre estão presentes no momento agudo do trauma podendo aparecer tardiamente após a absorção do edema periorbitário.

A avaliação realizada por um oftalmologista cirurgião de órbita é imprescindível para se indicar o tratamento da Cavidade Orbitária pode ser utilizado e o momento mais adequado para executar a cirurgia. O tempo ideal para proceder o tratamento vai depender de uma série de fatores desde o grau de gravidade de acometimento do globo ocular até a gravidade da extensão da fratura e suas possíveis sequelas.

Geralmente as fraturas são corrigidas através de cirurgia reconstrutiva, que têm como  objetivo restabelecer a estrutura das paredes ósseas e a anatomia craniofacial, diminuindo o risco de sequelas funcionais e estéticas. É um procedimento delicado por ser muito próximo ao olhos. Tem como consequência sequelas oculares nos casos de qualquer intercorrência.

A abordagem cirúrgica por um médico oftalmologista com experiência em cirurgia de órbita traz ao paciente uma segurança de estar nas mãos de um especialista dos olhos, qualificado e capacitado para resolver seu problema de Cavidade Orbitária com segurança. [7]


Referências:

  1. Bartley, G.B. and C.A. Gorman, Diagnostic criteria for Graves' ophthalmopathy. Am J Ophthalmol, 1995. 119(6): p. 792-5.
  2. Dolman, P.J. and J. Rootman, VISA Classification for Graves orbitopathy. Ophthalmic Plast Reconstr Surg, 2006. 22(5): p. 319-24.
  3. Bartalena, L., et al., The 2016 European Thyroid Association/European Group on Graves' Orbitopathy Guidelines for the Management of Graves' Orbitopathy. Eur Thyroid J, 2016. 5(1): p. 9-26.
  4. Tsirouki, T., et al., Orbital cellulitis. Surv Ophthalmol, 2018. 63(4): p. 534-553.
  5. Srinivasan, A., et al., Laboratory Investigations for Diagnosis of Autoimmune and Inflammatory Periocular Disease: Part I. Ophthalmic Plast Reconstr Surg, 2016. 32(5): p. 321-8.
  6. Srinivasan, A., et al., Laboratory Investigations for Diagnosis of Autoimmune and Inflammatory Periocular Disease: Part II. Ophthalmic Plast Reconstr Surg, 2017. 33(1): p. 1-8.
  7.  Chou, C., et al., Medial Orbital Wall Reconstruction With Porous Polyethylene by Using a Transconjunctival Approach With a Caruncular Extension. Ann Plast Surg, 2017. 78(3 Suppl 2): p. S89-S94.

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